Sustentabilidade é um modo de ser, mais do que de fazer

Marina Silva, Presidente do Instituto Marina Silva e Porta-voz da Rede Sustentabilidade, abriu a primeira palestra desta sexta-feira, 23, na Conferência de Inovações e Desafios do Saneamento da Costa Esmeralda que vem sendo realizada no Itapema Plaza Hotel

Para Marina Silva, ex Ministra do Meio Ambiente e ex Senadora da República, o desenvolvimento sustentável não é uma maneira de fazer e sim de ser que demanda uma visão de mundo, um ideal de vida e a busca de uma nova cultura. A afirmação foi feita durante palestra na primeira Conferência de Inovações e Desafios do Saneamento da Costa Esmeralda, realizada pela Conasa Águas de Itapema e que reuniu cerca de 500 pessoas da sociedade civil organizada, empresários, estudantes e entidades públicas com o objetivo de entender e discutir ações envolvendo inovações e desafios do setor.

Segundo ela, o mundo vive uma crise civilizatória e que só a persistência será capaz de trazer mudanças.. Quando persistimos em determinados aspectos é possível termos resultado. O desafio dessa crise civilizatória exige novos paradigmas com uma visão de sustentabilidade que integre toda a sociedade organizada, governo, academia, mercado, população. É uma luta integradora, afirmou. Marina salientou que iniciativas como a Conferência de Itapema são importantes para reunir a sociedade em torno do grande desafio da mudança em torno da crise civilizatória.

Além das crises políticas, sociais e econômicas, temos a crise ambiental e a crise de valores que integram a crise civilizatória. Hoje temos grande perda de biodiversidade mundial, muito mais do que a anos atrás. Perda de rios, insetos, animais, contaminação de lençol freático, poluição do ar, só para citar alguns exemplos. O aspecto mais grave é o problema das mudanças climáticas. A elevação da temperatura com a emissão de CO2 na atmosfera poderá inviabilizar a continuidade da vida na terra. Todos os recursos, no entanto, estão sendo mobilizados para resolver problemas sociais e econômicos, mas o mesmo não acontece em relação à crise ambiental, mesmo sendo a mais grave, destacou.

A crise de valores, segundo ela, permeia a sustentação dos processos humano quando se vive em sociedade. A ética é que nos permite conviver uns com os outros, com a natureza e conosco mesmo. Não se podem usar benefícios só para algumas décadas. A crise de valores separa economia de ecologia quando as duas devem ser integradas. Separa ética de política quando as duas não deveriam se separar. Há dupla emergência de tratar destas crises. Estamos na UTI do planeta e as medidas precisam ser tomadas à medida do diagnóstico das realidades. Para se buscar soluções para uma crise com essa complexidade é fundamental que haja o envolvimento de toda a sociedade, sustenta.

Marina salientou ainda que os jovens que foram recentemente às ruas pelo país estão exigindo que as autoridades parem de brincar com o futuro. A juventude de algumas décadas atrás acreditou que construiríamos o futuro que quiséssemos. Hoje, a juventude atual tem que lutar não para construírem o futuro, mas para terem um futuro. Sobre o consumismo, Marina destacou que o mundo atual vive o mal do excesso. Não se sabe mais conviver com a falta. As pessoas acham que precisam de mais e mais. É preciso tratar agua, o esgoto, cuidar da biodiversidade, ter um mudo sustentável, gerando emprego, moradia digna. O Brasil é uma potencia pela natureza, mas precisamos ser uma potência pelas decisões que tomarmos. O Brasil não está investindo nas decisões em relação ao cuidado das nossas riquezas naturais para gerar tudo o que é necessário para as pessoas terem vida plena, finalizou.

Fonte: Assessoria de Imprensa – Cláudia Romariz e equipe – CRCOM Comunicação Empresarial